13.3.08

A Organização das Cidades na Antiguidade


As primeiras cidades surgiram há cerca de 5000 anos e foram construídas, maioritariamente, próximas de grandes afluxos de água, como mares ou rios, uma vez que estes proporcionavam terras férteis e irrigação, garantindo, assim, a produção necessária de alimentos para abastecê-las. É o caso de Tebas, no vale do Nilo, Mohenjo-Daro, no vale do Indo, e de Pequim, no vale do rio Amarelo. As cidades primogénitas eram, em comparação com as da actualidade, de pequenas dimensões. No entanto, com o passar dos tempos, tornaram-se cada vez maiores, como é o caso de Atenas, a mais importante cidade-Estado da Grécia Antiga, que chegou aos 250 mil habitantes, ou Roma, que chegou a um milhão. Estas cidades tornaram-se as duas mais importantes da Antiguidade, apresentando uma organização do espaço cívico bastante perspicaz.

A Grécia é um país que apresenta um relevo acentuado. Este facto teve grandes impactos na organização política do país. De facto, o relevo conduziu o país, na época clássica, à autarcia – cada cidade tem o seu próprio governo, a sua própria lei e o seu próprio culto religioso. Assim, a Grécia não era vista como um país, mas como um conjunto de cidades independentes umas das outras, denominadas polis (cidade-Estado). De entre as várias polis, Atenas, a actual capital da Grécia, teve um lugar de destaque, sendo uma das primeiras cidades a instituir a democracia, acabando por se tornar modelo para as outras cidades-Estado.

O espaço cívico – espaço urbano vivido pelo cidadão – das polis gregas estabelecia-se, frequentemente, em torno da acrópole – área mais alta da cidade (akros = alto; polis = cidade). Na acrópole encontrava-se o centro religioso e político da cidade, ou seja, os templos e os palácios. Era nesta zona que se concentrava aquilo que era considerado o mais importante das cidades, como forma de protecção. A parte mais baixa da cidade, a ágora, era a praça pública, onde se encontrava o comércio, o ensino e o espaço de convívio. Com a instituição da democracia, a ágora torna-se também o espaço político por excelência, onde funcionava a Eclésia (Assembleia dos cidadãos).

A actual Itália não era, na Antiguidade, como a Grécia, um conjunto de cidades-Estado, mas sim dominada por uma única cidade: Roma. Esta cidade conquistou um dos maiores impérios da História, que ia desde a Península Ibérica à actual Turquia. De facto, “o espaço de Roma era a cidade e o Mundo”, já dizia o poeta romano Ovídio, no século I d. C. De forma a gerir este vasto império, contrariamente a Atenas, centralizaram-se todos os poderes numa única pessoa, institucionalizando, assim, um Estado Imperial.

A organização do espaço urbano da civilização romana caracterizou-se pelo pragmatismo: filosofia ou corrente de pensamento que valoriza o senso comum, ou juízo prático e objectivo, como orientação de vida. Assim, a construção dos espaços urbanos tinha como objectivo simbolizar e reflectir o poder e a grandeza.

Em Roma, a praça pública não se designava ágora, mas fórum, e era lá que se encontravam os edifícios mais importantes ligados à política e à religião.Na periferia da cidade encontravam-se os espaços de lazer, como as termas, os teatros, os anfiteatros e os estádios, uma vez que se tornava mais fácil o abastecimento de água e outras necessidades.
O centro urbano era decorado com várias estátuas e outros monumentos decorativos, como arcos do triunfo e colunas.

A nível estrutural as ruas eram construídas paralelamente, com o objectivo de facilitar a circulação, de conseguir uma cidade organizada e de controlar os inimigos em caso de invasão.
No entanto, havia um grande contraste entre o majestático centro e os depauperados bairros populares, também conhecidos como ínsulas (ilhas). Estes bairros apresentavam ruas muito estreitas e sujas e, muitas vezes, eram vítimas de incêndios.

Estas cidades da época clássica cresceram e desenvolveram-se até aos dias de hoje, tornando-se, assim, a base das cidades do século XXI.

9 comentários:

Valter disse...

Olá Rita, bem vinda ao blogue!
Que bela visita que me proporcionaste às cidades e à fundação das mesmas. De facto, na cultura ocidental, Atenas e Roma são dois modelos de urbanismo e de civismo. E é interessante reparar que hoje em dia, na nossa língua, distinguimos aquilo que os gregos e romanos não distinguiam: a urbe (cidade) da "civitas" (cidade), de onde vem o termo cidadania. Os gregos criaram a "pólis" de onde provém o termo política. A vida social e colectiva está relacionada com a organização urbanistica de uma cidade, mas também com o modo como entendem a organização humana!
Rita, belo contributo para o blogue e para o projecto de turma!
Bom fim de semana

helena disse...

Rita
Parabéns pelo teu trabalho!
O teu texto reflecte muito bem a importância da interdisciplinaridade nos temas das humanidades e estou muito orgulhosa pela forma com tu a conseguiste.
Agora espero que a tua participação seja cada vez mais frequente.
Sei que todos gostamos das tuas palavras e explicações, não é assim 11ºD?

helena

Anónimo disse...

Fizeste-me lembrar as aulas de história com este texto. Tenho imensas saudades de falar nisto. Pessoalmente, é a minha matéria preferida de todo o programa. É incrível como, mesmo antes de Cristo, já existia um sistema de organização tão linear e matemático. A racionalidade era uma constante em cada rua, em cada palácio ou estrutura. No entanto, tal como referes, havia uma grande divergência entre os centros e os pequenos bairros. Afinal, se compararmos com o presente, ainda hoje isso acontece. Bairros de lata, pobreza e insegurança são vocábulos que cada vez nos parecem mais familiares, principalmente nas zonas não desenvolvidas.
Gostei muito Ritinha!
Sim stôra, de facto, todos nós adoramos das explicações da Ferreirinha :) Que tanto jeitinho nos dão!
Um beijinho!

Tiago Mateus disse...

Ferreira continua que estás num bom caminho ! Abraço

Soledade disse...

Muito bem, Rita! :) Aguardávamos a tua participação e, quando chegou, não nos desiludiu. Um belo texto.
A propósito do que escreveste e dos comentários que a tua entrada mereceu, lembrei-me de um artigo que li recentemente na imprensa francesa acerca da da desertificação dos centros das cidades. Relacionava-se a "expulsão" da classe média do centro urbano (problema que foi abordado, por exemplo, pela Rafaela), com a afastamento dos cidadãos dos centros decisórios e da vida política. Urbanismo, a forma como gerimos as nossas cidades, e a questão da cidadania parecem estar em estreita relação. Merece reflexão, não achas?
Boas férias, Rita :)

Rafaela disse...

Claro Stora Helena, a nossa turma gosta muito das palavras da "Vizinha", principalmente quando servem para fazer resumos da matéria para determinados testes... Ferreira estas lá! =)

Abraços! Para toda a turma e para todos os professores, Umas boas férias.

Rita Ferreira disse...

Sim stora Soledade, concordo consigo. De facto o "abandono" dos centros urbanos é um problema que merece reflexão.

Boas férias!

helena disse...

Soledade

Gostei muito da tua informação e do teu desafio à reflexão sobre a relação entre urbanismo e cidadania!
Não posso deixar de comentar que hoje os centros urbanos estão esvaziados de habitantes que podem exercer plenamente a sua cidadania ou porque são imigrantes e clandestinos, ou porque são idosos e por vezes já nem participam nas eleições. O espaço urbano central está ocupado com sedes de bancos e de outras empresas poderosas que estão a decidir pelos cidadãos, sem os cidadãos.
O que pensa o 11ºD?

helena

SERGIO SOUZA disse...

PARABÉNS ACHEI MUI BELO SEU BLOG E DE MUITO INTERESSE PARA ESTUDANTES, SOU PROFESSOR AQUI NO BRASIL E TENHO VISTO MUITA COISA POR AQUI E INDICADO AOS ALUNOS, TENHO UM BLOG TAMBÉM,www.sousergio.blogspot.com,
COM O NOME DE BLOG DO CHEGA MAIS, É MAIS GERAL COM COMENTÁRIOS, PARECE MAIS UMA REVISTA DE ARTE E POESIA, POIS SOU PROF. DE LITERATURA E MUITA ATUALIDADE, UM FORTE ABRAÇO PARA TI, LINDO E PROVEITOSO ESTE SEU BLOG, MAIS UMA VEZ PARABÉNS